1. |
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Linha na Pipa
Vinicius Calderoni
Linha na pipa
Lenha na fogueira
Pé na tábua
Que é segunda-feira
Se ninguém levanta
Se sacode e lava o rosto
Não haverá maneira
Da vida andar
Todo mundo quer brilhar no circo
Mas não sabe que pra isso
Tem que erguer e amarrar a lona
E colar cartaz, ser bilheteiro
Cobrar escanteio e correr pra área
Fogo no rabo
Pernas para que te quero
Pra perambular sem guia
Quem tem boca vai à Roma
E agora que está em Roma
Quem diria, simbora andar
Quem na vida não quer ter sucesso?
Mas pra isso não me esqueço
De que fundamento é sola gasta
Pode pendurar a melancia
E ainda assim garanto que isso só não basta
ENGLISH TRANSLATION
Linha na Pipa is a popular expression that can be literally translated to "releasing more cord for the kite". Facilitating what you want to happen. That's the same meaning of "Lenha na fogueira" (more wood in the fire).
"Pé na tábua" is similar to "step on it" (the car gas), that today is monday! ("Que é segunda-feira")
If nobody gets up and washes their faces, there's no way life will go on.
Everybody wants to shine, it's a circus. But they don't know that, in order to shine, you have to lift up and tie the canvas, put on posters, sell tickets and "cobrar escanteio e correr pra área". This last expression relates to soccer, means you have to kick the ball and receive it yourself all across the field.
"Fogo no rabo" (fire in the tail, literally), means you can't stay put. "Pernas para que te quero" is a popular expression for running as crazy people. So you can walk through with no guide.
Who's got paladar goes to Rome, and since we're in Rome, who'd say? Let's walk!
Who doesn't want to be successful? But I can't forget that it is by walking forward and learning that you get embasement and knowledge.
You might even put on a watermelon around your neck, it's not enough.
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2. |
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Clinch
Danilo Moraes/Ricardo Teté
Vê se medica esse teu mau-humor
O dia lindo e você tá sempre borocoxô
Cada mania, nego, que horror
É jurubeba, rapé, fórmula 1, dominó
Quando birita se mete a cantar
E dá-lhe Nelson Gonçalves, Cauby e Frank Sinatra
Pra tua sorte gosto de brigar
Eu não sou flor que se cheire, você vai ter que casar
Luva de pelica
É muita sofisticação
Minha sutileza se traduz na expressão:
Vai te catar Nicanor!
Feito cacique
Cê da xilique
Depois reclama que eu me espalho e roubo o cobertor
Você me enche
A gente clinch
Se deu patada se prepara que o troco é bom
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3. |
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Da Onde Vem
Dani Black
Não é questão de dinheiro
Quem tenta se encontrar
E roda o mundo inteiro sem ninguém
Tentando desvendar
Da onde vem e aonde quer chegar
Tudo quanto é tempero
Aguça o paladar
Do bom ao bom veneno
E nem vintém do que possa explicar
Da onde vem e aonde quer chegar
E vira um desespero
Quem se diz esperar
Que algo dispense
O que se diz pensar
E vira um pesadelo, um vício singular
De tanto exagero, só pensa em desvendar
Da onde vem e aonde quer chegar
E o amor verdadeiro
Trata de destratar
Ser cego por inteiro é nada além
Do que possa provar
Da onde vem e aonde quer chegar
Nesse desassossego
Algo fica no ar
Se endoidecer primeiro é por não ver
Que amar
É de onde vem e aonde quer chegar
Veja meu bem não vá se perguntar
Tá tudo bem
Melhor pra se encontrar
É ver com quem
E onde quer estar
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4. |
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De Casa
Léo Versolato/Dani Gurgel
Do Acre até Noronha, andei
Foz do Iguaçu a Macapá
Que nessas bandas não achei
Saí por aí procurar
Torneiros, pixadores, leis
Tropeiros, lavadeiras, reis
Bueiros, pirambeiras
Nem lembro bem por onde passei
De caminhão, de carona
De metrô, de pau de arara
Fui até buscar nas gringas e voltei
Tropecei no meu quintal, você
Disse pr’eu ficar
Bom é ser de casa
Busquei em tudo o que é lugar
Pra encontrar no meu quintal
Pr’eu ficar bem no meu quintal
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5. |
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Depois
Tatiana Parra/Dani Gurgel
Reconhecer um lugar, um som
Desafiar a lembrança
Vulto de um dia bom
Um momento no ar
Que faz voltar, recomeçar, então
Depois
Tanta memória sem condição
Reconstruir um pedaço
Imagem de raspão
Que faz voltar, recomeçar então
Uma história de um tempo
Que a saudade desperta
Me parecia o olhar
De um irmão
Me lembrava em vão
De um tempo normal
Tão leve dissipou
O som de um dia
Que ficou pra trás
Depois
E tentava compor
Detalhar traços sem direção
Desenhar um borrão
O cheiro de um lugar
Tão bela e estranha sensação
Saudades pra lembrar
Depois
Penso se vou voltar
Um dia, agora, ainda, sempre
Eu volto pra lembrar
De um tempo bom
Depois
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6. |
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Lé com Cré
Leo Bianchini/Tó Brandileone/Vinicius Calderoni
Na paz
A dois
Fui ver
Já era
– Pra onde você mudou?
Sem chão
Sem gás
Nem luz
Pra onde vou?
Sem pai
Nem mãe
Sem deus
Pudera
Parece mentira o amor
Fez sol
Fez frio
Vazio
Não melhorou
Viu?
De que adiantou?
Dar a cara a tapa
Faça-me o favor
Diz o que foi que me restou
Veio esse pé d’água n’alma
E me arrastou
E eu a pé nas marginais
Sem a grana do metrô
Depois
De mês
Num bar
Quem era
– Por onde você andou?
Sem chão
Sem mais
De vez
Recomeçou
Sem pai
Nem mãe
Sem deus
Na hora
De tudo que se falou
Nem lé com cré
Pois é
O amor voltou
Viu?
De que adiantou
Esconder a cara
Tapear a dor
Se depois
Como o tempo comprovou
Veio outro pé d’água n’alma
E me arrastou
Dias nunca são iguais
Vem daí o seu sabor
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7. |
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Quem Dera
Demetrius Lulo/Wagner Barbosa
Sambista
Todo canto bom pr’um orixá
Vai cantando, o canto é teu rezar
E vai descendo a ladeira
Desfilando
Passista
Todo santo bom sabe dançar
Vai rodando o corpo é teu gongá
Descalço até quarta-feira
Desfilando
O cordão vai
Põe teu pé no chão sagrado e vai
Ladear, brincar com teu cortejo
Qu’eu já te vejo a cantarolar
Vai desfilar
Quem dera
O cordão, o mundo festejar
Toda fé do chão desse lugar
Brincando à nossa maneira
Desfilando
O cordão vai
Põe teu pé no chão sagrado e vai
Ladear, brincar com teu cortejo
Qu’eu já te vejo a cantarolar
Vai desfilar
Quando afinal, fez-se carnaval
Nosso quintal é toda avenida
Quando afinal, nosso carnaval
Não vá chorar
Quem dera...
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8. |
Não Tem
03:44
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Não Tem
Debora Gurgel/Dani Gurgel
Em cada canto da cidade
Tem um conto, um acaso
Que não tem outro lugar, não tem
Sorveteiro vende bala
Camelô passa cartão
Garantia de cambista
Tem o neura da limpeza
Não toca na maçaneta
Nem no cano do metrô
Tem um outro no volante
Só buzina, só costura,
Toma uma e perde a carta no comando
Em cada canto da cidade
Tem um gesto, um abraço
Que não tem outro lugar, não tem
Se é Cruzeiro ele é Palmeiras
Se é Flamengo ela é Timão
Se é Brasil eu sou torcida
Se é bicheiro, caloteiro
Ou botequeiro não importa
Marronzinho não perdoa
De domingo se tem jogo
Tudo pára, tudo lota, tudo empaca
Não tem bola, tem balada
Cada canto tem seu louco
Cada cidade tem seu canto
Não bato boca, bato bola
Pra mim não tem outro lugar
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9. |
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Rei Xangô
Ricardo Barros/Maurício Fernandes/Vinicius Pereira
Filho de Acanju e Iemanjá
O menino Badé já brincava com o fogo sem se queimar
Com o seu caráter forte, juntando a justica e a sorte
Tornou-se um guerreiro no mundo a se aventurar
Foi batendo o seu Oxé
Que arrancou as labaredas
Fez todo o fogo no céu
Quando a tudo iluminou
Se tornou Obakossô
Porém já logo em seu primeiro raio
Incendiou a cidade, o palácio, mais parte do povo e chorou
Quando os Malês invadiram suas terras
Para retomá-las, Xangô teve que rogar a Iansã
Que chegou com sua espada,
Em seus ventos indomada
Junto aos raios de Xangô
Com a tormenta terminada,
Todos clamam Rei Xangô
Xangô, o grande guerreiro
Que depois de Rei de Cossô
Acabou sendo o quarto Alafim de Oiô
O Rei acabou perseguido
E assim que saiu de seu trono,
Xangô foi logo pra floresta se enfeiticar
Surgiu num grande lampejo
E estremecendo os guerreiros,
Falou “O meu nome é Xangô, o dono do fogo!”
Quando Xangô se encantou,
Junto a Oxum e Iansã
Uma nuvem se formou
Obá so subiu depois
E os três indo ao Orum
Chuvas ventos e trovões
Quando Xangô se encantou
Junto a Oxum e Iansã
Orunmilá apontou
E ao sinal de Oxalá
Se tornou um Orixá
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10. |
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Bate Pilão
Rafa Barreto
Vem da voz de todo povo
Vem do suor de toda raça
Vem da cor que tá na mata
Bate na mão, sacode o corpo
Pra ver
Vem do som que tá no couro
Vem do tambor que tá na praça
Vem do grão que faz a massa
Bate na mão, sacode o corpo
Pra ver
No chão o pilão, no pé o peso
No alto a saca que leva e traz o que se dava
O calo na mão traduz a força
Do tempo afora
E nem vou me segurar e não dizer
Cadê que foi embora
Cadê que nada
Cadê que foi agora
Eu vou cantar
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Dani Gurgel Brazil
Beats and lyrics from Brazil with contemporary jazz melodies and harmonies take Brazilian Jazz to its roots and back into a new approach. Dani Gurgel‘s voice is an instrument, joining beautiful lyrics and complicated vocalises with the sax player precision from her big band days. ... more
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